sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Pequena Lua partida!

À primeira vista, é claro que não! Já nos vimos outras vezes, de certo, parecia, quando um magnetismo sutil me atraiu para a pequena orbita daquele corpo, celeste, lunar. Nem tão grande como uma estrela, nem tão incerto quanto um cometa, mas que brilhava sua paira na superfície de um planeta, alimentando ondas, marés e mitos; alumiando o curso dos viajantes noturnos, resplandecendo a noite dos românticos, pintando na água um quadro com seu reflexo, deixando admirados os olhos nus perante sua tamanha magnificência.
Daqui de baixo, é grande como o sol. Mas, dos quintos longínquos da galáxia é um grão de luz quase que invisível. De perto, entretanto, é maior que qualquer outro corpo celeste. Até parece que o tamanho importa para os SERES incomensuráveis. As grandezas são apenas pontos de vistas, e desse ponto que estou agora observo que a luz está partida. E para onde foi a outra parte? De fato, esta lua é minguante. Sei que em algum canto desse planeta imenso ela estará cheia. Mas para quem ela reserva toda sua luz por completo?
A lua é a figura de uma admiração momentânea que fiz junto com “ela” numa noite calorosa. Ela também é parte de meu nome e é símbolo do carma, nosso carma, nossa história, que de tempo em tempo, se finda nas profundezas de nossas almas através da memória; lua que de tempo e tempo abraça a luz do sol garantindo luz no firmamento da escuridão para os vivos que fogem da opacidade.
Se eu não posso me deslocar, se eu não posso mudar meu ponto de visão, se eu quero vê-la cheia trazendo a luz do sol à escuridão, eu sento e espero o tempo que for necessário para um dia ter a contemplação de tê-la por completo no espectro de minha visão.

(DE LUÃ PARA À LUA, UMA CARTA.....)

(PARA COMPLETAR UMA LETRA DE RAUL SEIXAS) : "LUA BONITA"


Lua bonita,
Se tu não fosses casada
Eu preparava uma escada
Pra ir no céu te buscar
Se tu colasse teu frio com meu calor
Eu pedia ao nosso senhor
Pra contigo me casar
Lua bonita
Me faz aborrecimento
Ver São Jorge no jumento
Pisando no teu clarão
Pra que cassaste com um homem tão sisudo
Que come dorme faz tudo, dentro do seu coração?
Lua Bonita, Meu São Jorge é teu senhor,
E é por isso que ele "véve" pisando teu esplendor
Lua Bonita se tu ouvisses meus conselhos
Vai ouvir pois sou alheio,
Quem te fala é meu amor
Deixa São Jorge no seu jubaio amuntado
E vem cá para o meu lado
Pra gente viver sem dor

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

SONHO LÚCIDO: CONHECENDO O VELHO MORIBUNDO

Certa vez, um velho moribundo que não sei exatamente seu nome
Sentou-se numa calçada rígida e fria no pleno desembocar do crepúsculo vespertino da tarde da Sexta-Feira de 1986 bem em frente à Praça da República de certa cidade multifacetada e oniricamente confundível com uma cornucópia abundante de representações e significados entrelaçados.
Assegurou-lhe em estar concentrado no ultimo fio de pensamento que brotara do decorrer de sua lenta e vagarosa morte já então esperada.
Em seu rosto, jaziam expressões entorpecidas de gozos emocionais misturados em diferentes espaços e tempos encravados na memória por dezenas, centenas ou milhares de experiências bem ou mal sucedidas.
E como vibrava a superfície do seu corpo a cada suspiro bem sucedido... Cada compartimento sensorial respondia de maneira verossímil a os estímulos emocionais ligados ao sutil vai-e-vem de seu respirar.
E os olhos... Um olhar distante, profundo, sem superfície, direcionados em múltiplas dimensões jamais entendida ou compreendida por um outro ser naquele momento.... Seus olhos quase nunca se fechavam, esquecera de piscar os olhos, pois... Talvez, o medo de não poder abri-los novamente o fez degustar das ultimas freqüências das cores imanadas por toda parte. Ou talvez Compreendesse tarde demais a beleza desta sensação. Perplexo, identificado, logo, fascinado ele implora por mais um grão de tempo daquela ampulheta miserável que mostrara sua face minutos atrás. E o olhar? É um olhar para frente e para trás indo e vindo do presente ao abismo infinito.
Agora deitado, entregue a natural maneira de ser morto ainda ele pensa. Pensa para onde vai o pensamento... Pensa se aquele pensamento que tinha abraçado nos meandros da morte ficará cravado em alguma tabula para um dia irromper os espaços e os tempos. Pensa se tudo aquilo já não é mais, ou talvez jamais fora um dia.
Quando acordei na madrugada compreendi para que serve os sonhos.......

sábado, 30 de outubro de 2010

e ai?

Amigo me tire uma dúvida:
Será que sou viado?
Noite passada, dormi bêbado e acordei com Deus ao meu lado!

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

O amor é a força que me move!

Dia após dia, eu espero o amor despertar,
Como se tivesse dormindo, dentro de mim,
Como se estivesse esperando a hora certa,
Como se estivesse apenas descansando,
Acumulando energias para explodir um dia.
Dia após dia, sinto a ansiedade deste desejo.
E o tempo se vai, devagar, sucinto, que nem percebo;
E o tempo leva tudo com ele, amigos, paixões, felicidade....
E o tempo gera o medo. E o medo traz a impotência;
E pelo medo, o amor tem que sair das profundezas do abismo interior.
E nos iludimos facilmente. O que eu sempre quis foi amar!
E abrimos a nossa própria cova. O que eu sempre quis foi realizar!
E bêbados ficamos. O que eu sempre quis foi que eu sempre quis!
E pelo medo se realiza este amor.
A mercê de alguém me tornei.
Dependente de alguém eu fiquei.
Impotente de mim eu virei.
E o amor é a força que me move agora.
E a força agora é centro desta fraqueza.
Assim, a “besta” interna tenta a minha mente descontrolar.
Ela não está dormindo, sua fome é tamanha que não ao menos quer descansar.
O tempo uma hora ou outra levará tudo, levará o amor embora, tudo tem seu tempo
Mas os meus demônios interiores ficarão até o ultimo suspiro desta miserável existência.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Três momentos de uma vida moderna!

O nascer! O sol que dá á luz um novo dia.
Como o sol, levantamos-nos todas as manhãs.
Para cada dia tornar-se novo! Um novo nascer!
Para cada nascer, um novo! Um novo dia!

Saudades, dias passados que não mais nascerão!
Águas passadas, rios sem água, noite sem luz, escuridão!
Nostalgia da luz que fora brilhante um dia. Escuro clarão!
Os demasiados dias em que os nasceres velhos serão!

Esquecimento é, pois, a única certeza da demasiada mudança.
O velho refugiou-se em seu único abrigo, de sua saudade!
Escolheu esquecer, sofreu, gemeu o enfermo da felicidade.
Que escapou de sua posse mediante a lentidão violenta do tempo!

A novidade é a fraqueza da alma!
O moderno também envelhece!

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Eis a miséria dessa noite!

“Eis a miséria dessa noite: é o caminho austero do poeta demasiado poeta”
- Indaga-se o “Dorminhoco” beirando um sonho alheio.
Pulando sem parar, ressoando propositalmente seu sapateado nos interstícios desse e daquele sono. Aqui e acolá, levando ao “Sonhador” a mensagem: eu vim aqui para nutrir-me de sua paz, de seu sono, de seu sonho, de você. Advenho comer e beber o seu desalento, demasiada fome, demasiada cede, até vomitar, “defecar” e urinar todo meu prazer.

- (Sonhador)

Acorde dorminhoco! Levanta-te!
Desperte desse agouro e siga a ti mesmo!
Palhaço da meia-noite! Saia daqui! De mim! De ti!
Não seja fraco a ti mesmo!
Liberte-se de seus orgasmos!
Desvie de seus vícios e não se prenda ao sono profundo.
O sono que pairou sua vida inteira.
O sono que te ensinou a felicidade fugidia.
O sono que enganou dos deuses ás bestas
O sono que fez dos homens formigas
É o mesmo sono que fez surgir o sonho e a mim.

- ( Dorminhoco)

Eu durmo e não consigo acordar. Durmo e nem mesmo consigo dormir!
Esta é a miséria dessa, daquela e doutras vindouras noites!
Suas palavras, “sonho”, o que me dizeis?
Estão demasiadas simples para eu compreender-te!
Culpo o meu desespero. Culpo ao prazer de saciar este vício de alfinetar a tranqüilidade alheia!
É o gozo da felicidade instantânea que almejo todas as noites.

-(Sonhador)

Tu incomodaras meu sossego!
Tu tentas vir a extirpar as minhas utopias!
E não sabe que dormir e sonhar jaz no mesmo sono!
Acorde para sonhar dorminhoco!
E vá titubear com seus sapatos barulhentos longe daqui!

-(Dorminhoco)

Ai dos homens que não conseguem sequer descansar!
Ai dos homens que dormem!
Ai dos homens que sonham acordados!
Ai dos homens que sonham dormindo!
Ai dos homens que sonham!

Se O barulho das muriçocas desconcentra-te antes de dormir, ai de sua sanidade quando vier a primeira picada.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Batas-asas Besouro

O agouro é presente
Nos Gemidos vindouros.
No coração d’agente
Batas-asas besouro.

O agouro de novo
Livro negro do amor
Uma cruz, uma luz.
Poça de pus. Corpus Reluz!

Zunindo a carrapeta
Mortalhas de concreto
Os silvos longínquos
E os olhos no teto

O inocente tem sua culpa.
O velho tem a sua morte.
O sofrer alheio faz sentir-me uma mosca sem azas.
E ainda me sinto livre e vivo.

sábado, 10 de julho de 2010

Vinte e um anos em busca da felicidade

21 anos à procura, de busca incessante, de violência, da consumidora felicidade. E não sei até quando meus cigarros diários ainda fumegarão a meu prazer.

São vinte e um anos de idade de batalhas, de inquietação, de ansiedade. E quando o peixe pula fora do aquário não fica livre nem para respirar.
São, mais uma vez, vinte e um anos de idade de sonhos inacabados cortando o silêncio de um ser indefeso de extrema relevância para o mundo moderno.

São três anos de independência, de experiências, de planos. E a cada dia um outro dia seguido de um outro novo totalmente igual aos novos dias passados.

Meus aniversários foram vinte e uma comemorações fracassadas como os galos no poleiro do quintal frustrados por serem aves e nem sequer poderem voar.

Buscar a felicidade significa ser feliz momentaneamente. Quando feliz um dia eu ser, murcharei de tristeza até que o mal me aconteça a menos para retornar à minha ansiedade mórbida de viver.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

No empoeirado álbum da família

Eu pus meus olhos no passado
Eu reconheci um dos nossos retratos
Tantas falhas, tantas manchas,
Tantas marcas, memórias,
Momentos enviesados
Numa velha folha de papel


O presente já se foi, no segundo que passou
O futuro já virou o presente que restou.

Encarcerados no presente, imediato, tangível eloqüente
Abstrata sensação

terça-feira, 6 de abril de 2010

Solidão

Eu quero ser ouvido
Nem que eu cante a mais alta música
Ao menos para ouvir a mim mesmo.

Eu quero ser visto
Nem que eu compre o maior espelho
Ao menos para ver a mim mesmo.

Eu quero ser sentido
Nem que eu faça um talho no peito
Ao menos para sentir a mim mesmo.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Amor Platônico ou Amor Demoníaco?

O Amor perseguiu o Coração durante semanas e:

Entrou em sua casa
Comeu sua comida
Bebeu sua água
“(Re)virou” sua vida.

O Amor atormentou o Coração durante semanas e:

Conheceu suas fraquezas
Abriu suas entranhas
Entendeu suas manhas
Destruiu suas defesas.

O Amor deixou o Coração em semanas e:

Estuprou sua consciência
Violentou o seu corpo
E trouxe-lhe a demência.

Obra Prima

Eu me Construo:

Diante de seus olhos!
Diante de sua boca!
Diante de seu ouvido!
Diante de seu nariz!
Diante de suas mãos!
Dentro de seu corpo!
Dentro de sua cabeça!
Dentro de seus braços!
Dentro de seus sentimentos!
Dentro da sua percepção!

E, tu não percebes que eu sou um processo.

sábado, 3 de abril de 2010

Eu quero a morte desse cigarro.

Entre o vício e o prazer
jáz o desconforto de um
ato hedônio.

Entre os dedos firma-se o odor
Dentre os dentes infiltram-se a cor
E no ar a sensação.

Outrora, a beleza era sinônima
Um elo que detavalha os verdes e maduros

Hoje, os pecos.
Os pecos no outro lado do muro.

A idéia

É dificil criar
A mais leve palidez
De uma imácula expressão

É mais duro ainda
Ser o único, o tal,
O impensado.

Por traz desses dedos fervilhantes
Há um perigo constante de um plágio
bem sucedido.

E a cópia? Oh cópia tu és agora
um simulacro. A criação não passa
de uma ilusão onírica.

A reprodução deu sentido à vida.
E as palavras como tal, tão vivas,
tendem à ser reproduzidas.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

O Algo!

Hoje eu tentei ler "algo"
e não consegui.

Liguei a Tv para ver "algo"
e não encontrei.

Tentei andar pelo bulevar
e o "algo" não apareceu.

Por tão agorisante que eu esteja,
eu sei, preciso de "algo"!

quarta-feira, 31 de março de 2010

O homem que foi despedaçado

Eu fui despedaçado.
Meus estilhaços viraram estilhaços deles mesmos
Impossíveis de serem colados.

Um quebra-cabeça de mim
Uma brincadeira astuta
Uma conversa fiada
Uma história sem meio e sem fim.

Um discurso anônimo
Uma causa sem efeito
Um efeito sem causa
Um ator sem ato.