quarta-feira, 22 de setembro de 2010

O amor é a força que me move!

Dia após dia, eu espero o amor despertar,
Como se tivesse dormindo, dentro de mim,
Como se estivesse esperando a hora certa,
Como se estivesse apenas descansando,
Acumulando energias para explodir um dia.
Dia após dia, sinto a ansiedade deste desejo.
E o tempo se vai, devagar, sucinto, que nem percebo;
E o tempo leva tudo com ele, amigos, paixões, felicidade....
E o tempo gera o medo. E o medo traz a impotência;
E pelo medo, o amor tem que sair das profundezas do abismo interior.
E nos iludimos facilmente. O que eu sempre quis foi amar!
E abrimos a nossa própria cova. O que eu sempre quis foi realizar!
E bêbados ficamos. O que eu sempre quis foi que eu sempre quis!
E pelo medo se realiza este amor.
A mercê de alguém me tornei.
Dependente de alguém eu fiquei.
Impotente de mim eu virei.
E o amor é a força que me move agora.
E a força agora é centro desta fraqueza.
Assim, a “besta” interna tenta a minha mente descontrolar.
Ela não está dormindo, sua fome é tamanha que não ao menos quer descansar.
O tempo uma hora ou outra levará tudo, levará o amor embora, tudo tem seu tempo
Mas os meus demônios interiores ficarão até o ultimo suspiro desta miserável existência.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Três momentos de uma vida moderna!

O nascer! O sol que dá á luz um novo dia.
Como o sol, levantamos-nos todas as manhãs.
Para cada dia tornar-se novo! Um novo nascer!
Para cada nascer, um novo! Um novo dia!

Saudades, dias passados que não mais nascerão!
Águas passadas, rios sem água, noite sem luz, escuridão!
Nostalgia da luz que fora brilhante um dia. Escuro clarão!
Os demasiados dias em que os nasceres velhos serão!

Esquecimento é, pois, a única certeza da demasiada mudança.
O velho refugiou-se em seu único abrigo, de sua saudade!
Escolheu esquecer, sofreu, gemeu o enfermo da felicidade.
Que escapou de sua posse mediante a lentidão violenta do tempo!

A novidade é a fraqueza da alma!
O moderno também envelhece!

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Eis a miséria dessa noite!

“Eis a miséria dessa noite: é o caminho austero do poeta demasiado poeta”
- Indaga-se o “Dorminhoco” beirando um sonho alheio.
Pulando sem parar, ressoando propositalmente seu sapateado nos interstícios desse e daquele sono. Aqui e acolá, levando ao “Sonhador” a mensagem: eu vim aqui para nutrir-me de sua paz, de seu sono, de seu sonho, de você. Advenho comer e beber o seu desalento, demasiada fome, demasiada cede, até vomitar, “defecar” e urinar todo meu prazer.

- (Sonhador)

Acorde dorminhoco! Levanta-te!
Desperte desse agouro e siga a ti mesmo!
Palhaço da meia-noite! Saia daqui! De mim! De ti!
Não seja fraco a ti mesmo!
Liberte-se de seus orgasmos!
Desvie de seus vícios e não se prenda ao sono profundo.
O sono que pairou sua vida inteira.
O sono que te ensinou a felicidade fugidia.
O sono que enganou dos deuses ás bestas
O sono que fez dos homens formigas
É o mesmo sono que fez surgir o sonho e a mim.

- ( Dorminhoco)

Eu durmo e não consigo acordar. Durmo e nem mesmo consigo dormir!
Esta é a miséria dessa, daquela e doutras vindouras noites!
Suas palavras, “sonho”, o que me dizeis?
Estão demasiadas simples para eu compreender-te!
Culpo o meu desespero. Culpo ao prazer de saciar este vício de alfinetar a tranqüilidade alheia!
É o gozo da felicidade instantânea que almejo todas as noites.

-(Sonhador)

Tu incomodaras meu sossego!
Tu tentas vir a extirpar as minhas utopias!
E não sabe que dormir e sonhar jaz no mesmo sono!
Acorde para sonhar dorminhoco!
E vá titubear com seus sapatos barulhentos longe daqui!

-(Dorminhoco)

Ai dos homens que não conseguem sequer descansar!
Ai dos homens que dormem!
Ai dos homens que sonham acordados!
Ai dos homens que sonham dormindo!
Ai dos homens que sonham!

Se O barulho das muriçocas desconcentra-te antes de dormir, ai de sua sanidade quando vier a primeira picada.